O nível de endividamento do consumidor com financiamento de veículo caiu
mais uma vez em julho, o que pode aumentar a margem das famílias para
tomar novamente esse tipo de crédito, segundo a Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do
Consumidor (Peic), entre as famílias endividadas que recebem acima de
dez salários mínimos, a fatia que possui financiamento de veículos
recuou para 19,7% em julho, após ter ficado em 20,5% em junho. Esse
porcentual tinha sido ainda maior em maio, de 26,8%, após o ápice
verificado em abril, quando 29,8% das famílias tinham dívidas em
financiamento de carro.
“Ainda é um tipo de dívida interessante, o segundo maior entre as
famílias que recebem mais de dez salários mínimos. Só perde para o
cartão de crédito. Mas, como já atingiu um patamar bem mais alto, há sim
espaço para aumentar esse tipo de endividamento”, avaliou Marianne
Hanson, economista da CNC.
Entre as famílias que recebem até dez salários, o comprometimento da
renda com financiamento de veículo é consideravelmente menor, apenas 8%
das famílias endividadas declaram possuir esse tipo de dívida.
O resultado da pesquisa mostrou um aumento geral no endividamento,
acompanhado de um recuo na inadimplência, o que pode sinalizar que os
consumidores estão, aos poucos, voltando às compras.
“Por ter sido acompanhada pela redução do número de famílias
inadimplentes, acho que essa alta modesta no porcentual de famílias
endividadas é uma boa notícia”, afirma Marianne. Isso porque, segundo
ela, a cautela das famílias em relação ao endividamento elevado e à
tomada de novos empréstimos está impedindo uma recuperação mais forte da
demanda e da atividade econômica no Brasil.
No entanto, a economista alerta que ainda não é possível precisar se
já houve uma retomada da demanda. “(Os consumidores) Voltaram a
consumir, mas é cedo para dizer se vai ser uma tendência. É apenas a
segunda alta consecutiva, mas ainda está abaixo do que a gente observou
em 2011″, contou.
O porcentual de famílias com dívidas subiu de 57,3% em junho para
57,6% em julho. No entanto, em julho do ano passado, essa fatia era de
63,5%.
Fonte: Agência Estado