Com a
criação de corredores livres para ônibus e a proibição de
estacionamento em algumas ruas, os motoristas e usuários do transporte
público coletivo encontram hoje no Centro de Aracaju menos
engarrafamentos e muito mais agilidade para se deslocarem na região. Mas
segundo os comerciantes que atuam no local, a medida, ao mesmo tempo em
que promoveu o inegável aumento da fluidez no trânsito, desencadeou,
por outro lado, uma queda nas vendas.
Ciente
das queixas, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) tem trabalhado na
busca por soluções que mantenham os avanços alcançados e reduzam ao
máximo possíveis prejuízos ao comércio. Após cerca de cinco meses de
estudo, a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT)
desenvolveu algumas possibilidades que, na noite desta sexta-feira, 15,
foram apresentadas pelo prefeito Edvaldo Nogueira e debatidas junto aos
comerciantes da capital. O foco central do encontro foi o anúncio de um
projeto que visa a criação de bolsões de estacionamento naquela região.
O
projeto foi concebido pela equipe técnica da SMTT e segue as diretrizes
urbanísticas do Plano Diretor do Município. A ideia é que sejam
construídos três parques de estacionamento no entorno dos Mercados
Municipais Albano Franco e Thales Ferraz. Eles criariam centenas de
vagas a mais do que a quantidade suprimida pela instituição dos
corredores livres. No corredor das ruas Capela e Arauá, por exemplo,
foram 132 vagas eliminadas, enquanto no corredor das ruas Itabaiana e
Itabaianinha foram extintas 62.
Já
os novos estacionamentos disponibilizariam juntos 1409 vagas à
população, somando mais de 46 mil metros quadrados de área. O total
compreende também vagas exclusivas para idosos e deficientes físicos e
espaços destinados para motos e bicicletas. O projeto prevê ainda a
criação de um sistema de transporte alternativo específico para os
usuários desses estacionamentos, o que, de forma sustentável, reduziria o
fluxo de veículos na área central da cidade. Micro ônibus, com
capacidade para 22 passageiros, levariam os clientes até pontos
pré-definidos de embarque em desembarque localizados em diversos pontos
do Centro.
Discussão
“Atualmente
um maiores desafios das cidades em crescimento é a mobilidade urbana. É
conseguir compatibilizar a melhoria da circulação de pessoas e veículos
sem criar problemas para outros setores, como o comércio e o meio
ambiente, por exemplo”, observa o prefeito Edvaldo Nogueira. “Nós
sabíamos que, quando as mudanças no trânsito do Centro entrassem em
vigor, alguns problemas surgiriam, mas era importante seguir em frente
inclusive para que pudéssemos identificar as dimensões e o pontos mais
afetados, e então buscar maneiras de contornar essas dificuldades”,
revela.
O
plano de construção dos estacionamento foi amplamente aceito pelos
comerciantes, apesar de permanecerem apreensivos quanto à sua situação
durantes os meses em antecederiam a entrega da obra. “O nosso medo é que
a região se torne um Centro Fantasma e por isso nós temos mantido o
diálogo com o poder público municipal e reivindicado algumas mudanças”,
ressalta Samuel Schuster, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas
de Aracaju. “Se for feito com qualidade o projeto vai ser muito
benéfico. Mas ainda precisamos de uma solução imediata”, pondera
Schuster.
“Nós
esperamos que ele seja concluído o mais rápido possível, mas todo
serviço público exige um tempo legal para que seja realizado”, lembra
Edvaldo Nogueira, enquanto anuncia a expectativa de que em poucos meses
sejam entregues os dois primeiros estacionamentos, dos três previstos no
projeto orçado em pouco menos de R$ 3milhões. Demolição, drenagem e
terraplanagem serão necessárias para a implantação do terceiro, que,
portanto, levará um pouco mais de tempo para ser concluído.
Alternativas
O
prefeito descartou a possibilidade de retorno à antiga situação, mas
declarou que medidas paliativas podem ser pensadas a fim de melhorar a
situação dos comerciantes. “Liberar temporariamente o estacionamento em
determinados horários é uma possibilidade”, tranquiliza Edvaldo, mesmo
observando que “o corredor livre é imprescindível na hora do rush”.
Ao
fim do anúncio, os comerciantes puderam expor as alternativas que
consideram coerentes para a melhoria da sua situação. Eles debateram
diretamente com o superintendente da SMTT, Antônio Fernando, que, por
sua vez, apresentava a viabilidade técnica dessas soluções pensando na
cidade como um todo. O consenso entre o município e os lojistas definirá
novas regras quanto ao trânsito no Centro, que em breve entrarão em
vigor, até que o bolsão de estacionamento seja implementado.
Além
da imprensa e dezenas de comerciantes aracajuanos, também estiveram no
debate o presidente da Federação do Comércio (Fecomércio) de Sergipe,
Abel Gomes; o presidente do Sindicato dos Revendedores de Tinta e
Materiais de Construção, Fernando Moraes e o coordenador do Fórum
Empresarial de Sergipe e presidente da Federação das Câmaras de
Dirigentes Lojistas de Sergipe (FCDL), Gilson Figueiredo. O promotor
Arnaldo Sobral, presidente da Associação Sergipana do Ministério
Público, o vereador Ivaldo José; e o Secretário Municipal de Governo,
Lucas Fialho, também participaram do anúncio.
Fonte: Ascom SMTT_AJU