O Ministério da Saúde criará
novas regras para o atendimento ao trauma no SUS (Sistema Único de
Saúde). Estão previstos o credenciamento de mais hospitais
especializados, a adoção de diretrizes clínicas para atender o paciente e
a criação de um banco de dados nacional.
O primeiro passo será a publicação hoje de uma consulta pública no
“Diário Oficial da União”. O documento ficará disponível para sugestões
durante 30 dias. A previsão é que as regras passem a valer a partir de
janeiro.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a proposta é que haja
mudanças desde o primeiro socorro pelo Samu (serviço de ambulâncias),
ou pela unidade básica de saúde, até a forma como o paciente será
atendido dentro do hospital.
“Nossa avaliação é que o atendimento das urgências e emergências é o
espaço mais crítico, de baixa qualidade, no SUS”, afirmou à Folha.
A meta, segundo ele, é reduzir as taxas de mortalidade de
traumatizados de acidentes de trânsito em 17%, mesmo percentual obtido
pelos EUA após a implantação de um sistema organizado de atendimento ao
trauma.
Em 2010, o SIM (Sistema de Informação de Mortalidade) notificou
42.884 mortes por acidente de trânsito.
Padilha diz que a proposta é organizar a nova rede em três diferentes
níveis de complexidade de atendimento (hospitais que fazem
neurocirurgia, por exemplo).
Esses hospitais receberão mais recursos, mas, segundo ele, os valores
só serão definidos após o fim da consulta pública e de acertos com
Estados e municípios.
“Será mais atrativo para os hospitais se organizarem e garantirem a
qualidade do atendimento ao trauma.”
Muitas vezes, diz Padilha, o Samu faz um bom atendimento, mas tem
dificuldade de encaminhar o paciente ao hospital especializado. Outra
situação comum é o acidentado ficar dias em uma maca, esperando por um
leito.
QUALIFICAÇÃO
Segundo Milton Steinman, professor colaborador de cirurgia-geral e do
trauma da USP, uma questão central é que o país garanta o financiamento
dos recursos necessários para atender o trauma.
Na sua opinião, antes de lançar um programa nacional, o ministério
deveria fazer um projeto-piloto, menor, com o intuito de criar um modelo
a ser seguido.
Steinman afirma que, para garantir qualidade, é preciso, antes,
qualificar médicos e hospitais. “É um caminho longo. Não é em três meses
que se faz isso.”
FONTE: Portal do Trânsito