Trânsito – Campanha sem punição não muda a realidade -
por Sydnei
Ulisses*
Semana do trânsito tenta conscientizar jovens da importância de evitar excesso de velocidade para preservar a vida. Entendo a disposição das autoridades, mas, penso de nada servirá outra campanha sem políticas comprometidas com o combate a impunidade generalizada.
Já em 2007 o ibope apontou a triste realidade de que 60% dos condutores
de motocicletas e 30% dos condutores de automóveis o fazem sem ter
passado por qualquer treinamento e por óbvio sem a necessária
habilitação.
Nossos ciclistas transitam na esquerda da via como se fossem orientados
para isso, sobretudo trabalhadores e jovens que utilizam este meio de
transporte como alternativa para fugir do custo das passagens de
ônibus. A conseqüência é que cinco ciclistas já perderam a vida só no
primeiro semestre de 2012 em Aracaju.
Nos Centros de Formação de Condutores, as auto-escolas, o assédio dos
alunos é sempre para não cumprirem a carga horária para o curso teórico e
prático, pouco se importam com o aprendizado que de fato será o único
durante toda a vida.
Pais querendo baratear o custo da habilitação para seus filhos também é
comum, assim, sem qualquer condição de formar condutor, montam balizas e
transitam nas ruas cometendo a irresponsabilidade de entregar a direção
dos veículos a seus filhos.
As instituições se recusam a discutir o tema, e mesmo as escolas que
tem a possibilidade de incluir trânsito como disciplina extracurricular
no ensino médio, beneficiando os alunos com a liberação dos cursos
teóricos das auto-escolas, não o fazem.
Fato é que a semana de trânsito está mais para jogo de cena do que a
vontade efetiva de intervir no numero de vitimas, de outra forma as
políticas seriam canalizadas para chegar especialmente nas escolas de
ensino médio, publico que ocupa as vias sem estarem minimamente
preparados, seja nas bicicletas dos jovens de menor renda, seja nos
veículos modernos e caros dos filhos das famílias abastadas. A diferença
básica é que os jovens pobres são os atropelados e os mais
endinheirados se arrebentam nos postes e capotamentos.
Fiscalizar e tirar das vias os não habilitados, punindo-os nos termos
da Lei, atribuindo ás famílias e as instituições de toda natureza,
inclusive as religiosas, a necessidade de tratar o tema com a seriedade
necessária para evitar que nossos jovens continuem sendo mortos, é que
de fato pode mudar a realidade vivida em Aracaju e na maioria das
cidades brasileiras.
* Instrutor de trânsito - sydneiulisses@gmail.com
Fonte: Artigo publicado no Portal Infonet (blog Claudio Nunes) http://migre.me/aMCZc