Uma universitária disse que bebeu antes de dirigir e fumou R$ 50. Um motorista dormiu no carro ligado e foi acordado pela polícia. Outro condutor atropelou uma menina
de 13 anos, derrubou um poste e foi detido com uma garrafa de cachaça.
Todos os casos aconteceram em um intervalo de duas semanas, na Grande
Vitória. Neste domingo (26), o jornal A Gazeta divulgou uma pesquisa do Instituto Futura que mostrou que o capixaba quer mais rigor em relação à punição a motoristas que dirigem alcoolizados.
Para 97% dos entrevistados, as penas devem ser mais rigorosas para quem
bebe e dirige e, para 85,6%, a punição ideal é a prisão. Segundo o
delegado de trânsito Fabiano Contarato, o resultado da pesquisa reflete a
hipocrisia das pessoas. “O resultado é positivo, mas quando alguém é
detido por beber e dirigir, essa pessoa, normalmente, acha um absurdo
ficar presa. Infelizmente, as leis de trânsito garantem a certeza da
impunidade. Esse é problema não só da Segurança Pública, mas da Saúde,
do Transporte, da Educação e das polícias”, comentou.
Contarato ainda lamenta que a falta de educação no trânsito por parte do
motorista brasileiro é um reflexo do que o delegado define como a
renúncia da família aos seus deveres na sociedade. “A maioria dos pais
deixa para a escola ensinar os princípios fundamentais de educação. O
que a gente vê é muito pai passando a mão na cabeça de filhos que
cometem infrações no trânsito. O poder público já não é eficiente e,
ainda por cima, a família não impõe limites”, analisa.
O delegado disse que, além da uma ação mais ativa da família, a educação
no trânsito deve ser ensinada formalmente nas escolas, como prevê o
Código de Trânsito Brasileiro. “Fico triste quando vejo os mesmos
brasileiros imprudentes dentro do país, respeitando as leis de trânsito
no exterior. Isso é um retrato da impunidade no Brasil. Não temos nada a
comemorar. O Espírito Santo é o segundo estado do país em violência no
trânsito. E o Brasil é o segundo no mundo, perdendo apenas para a
China”, disse Contarato.
Segundo o Batalhão de Trânsito, neste ano, 70 motoristas foram
flagrados embriagados nas vias estaduais. São realizadas mais de seis
blitze por dia no Espírito Santo. Entre janeiro e julho deste ano, os
radares registraram, aproximadamente, 560 infrações por dia. No total,
já foram mais de 117 mil multas, a maioria por causa da velocidade,
superior à máxima em até 20% dos casos.
O Departamento de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) informou que
dirigir sob o efeito do álcool é a sexta infração mais registrada no
estado. No Brasil, o motorista flagrado dirigindo embriagado não é
obrigado a fazer o teste do bafômetro.
Fonte: G1