Jovem dirigindo sem habilitação, sem passar por uma autoescola, é uma
situação, infelizmente, muito comum em nosso país. As desculpas são
muitas, a cultura do nosso povo, adquirir prática antes de pegar o
carro, enfim, nada disso mais faz sentido com tanta informação como
temos nos dias de hoje.
A autoescola, não só a parte prática, mas todo o processo, não está
aí à toa. Ela tem a sua importância, pois muitas vezes é a única
oportunidade que muitos de nós temos de ter contato com educação para o
trânsito. Talvez nunca mais a pessoa passe por esta experiência. De
acordo com entrevista do especialista Celso Alves Mariano para o Portal,
“quem faz um bom curso de primeira habilitação adquire uma visão
crítica do mundo do trânsito e tende a participar dele não apenas como
condutor, mas como cidadão, contaminando as outras pessoas com os
conceitos de respeito e bom senso na utilização deste bem público”.
Estas pessoas que estão aí, testando seus carros e suas habilidades
pelas ruas, sem passar pelo treinamento legal, não tem noção da dimensão
e dos riscos que correm por praticar este ato criminoso. Sim, este é um
ato criminoso.
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, dirigir sem habilitação é
crime e atenção pais, entregar o veículo a pessoa não habilitada também é
e pode levar à prisão.
Para mim, certamente não é só isso que importa. A multa, a prisão,
são os menores problemas que podem ocorrer com este cidadão infrator. O
meu grande temor são as vidas que se colocam em risco, não só a do
próprio condutor, mas a de tantos outros que participam do trânsito.
Quantos acidentes lemos nos noticiários, causados por jovens sem
habilitação? Isto tem uma explicação. Segundo a psicóloga Nereide
Tolentino, “o jovem que dirige – mesmo o que tem habilitação- pelas
próprias características inerentes a idade, potencializa o perigo, por
exemplo, da velocidade, que para eles é o símbolo da liberdade. Em
relação aos acidentes, também é inerente a idade o pensamento de que
isso não vai acontecer comigo, por isso o jovem tende a minimizar os
riscos que corre”.
Ainda segundo a psicóloga “a carteira de habilitação tem este nome-
de habilitação- e não de registro, ou qualquer outro, porque atesta que o
indivíduo desenvolveu habilidades para operar uma máquina e que não é
fácil desenvolvê-las. Não é a máquina que é difícil, dirigir no trânsito
cujas interferências são muito grandes, exige uma maturidade
neurológica de percepção, de reação e de emergência que é o que falta no
condutor inexperiente”.
Quanto à conivência dos pais com tal atitude, Nereide é enfática. “O
pai que é parceiro do filho que pega o carro sem habilitação está sendo
coadjuvante num acidente, e até numa morte. Às vezes o menor nem é pego
pela fiscalização, mas o pai o expôs a um risco, e infelizmente, este é
um caminho que pode não ter volta”.
Não me iludo que as pessoas que cometem tal infração mudem seu comportamento ao ler este texto, mas a minha consciência não permite assistir a tudo isso e ficar calada.
Fonte: Portal do Trânsito (Mariana Czerwonka)