(Fotos: Ascom SES) |
Nos quatro primeiros meses de 2013, o Hospital de Urgência de Sergipe
(HUSE), referência nos casos de urgência e emergência de alta
complexidade no Estado, realizou mais de 2700 atendimentos à vítimas de
acidentes motociclísticos. No mesmo período do ano passado foram
atendidas 2100 vítimas, uma estatística alarmante que mostra o quanto a
violência no trânsito, envolvendo esse tipo de veículo, não para de
crescer. Na maioria das vezes, a vítima é jovem e do sexo masculino, com
idade de até 30 anos. Os acidentes, quando não matam, quase sempre
deixam traumas e sequelas permanentes.
Com o segmento dos ciclomotores de cinquenta cilindradas, menores de
idade estão pilotando esse tipo de veículo sem habilitação e proteção
adequada como o uso do capacete, o que contribui para o crescimento da
mortalidade nas vias públicas. Esta é uma realidade que transforma
profundamente a vida desses cidadãos e gera impactos significativos ao
sistema público de saúde.
Diretor clínico do HUSE, Marcos Kruger |
De acordo com o diretor clínico do HUSE, Marcos Kruger, o esforço das
equipes é fundamental para a assistência dos pacientes.“O índice de
acidentes motociclísticos vem crescendo a cada dia, devido ao elemento
que intitulamos de epidemia do trânsito. Os pacientes estão chegando
cada vez mais e com número maior de fraturas graves. Procuramos dar o
melhor atendimento possível. As equipes trabalham diuturnamente nesse
objetivo. Prestamos um relevante serviço à sociedade no que diz respeito
a redução dessa mortalidade, com uma assistência muito bem prestada”,
declarou.
Vítimas
O jovem José Crispim Santos, 24, sofreu um acidente motociclístico no
município de Lagarto. Foi encaminhado ao Hospital Regional da cidade,
mas devido a sua gravidade, foi conduzido imediatamente para o Huse. Com
politraumas, o paciente não quer mais saber do meio de transporte.
“Estava sozinho na moto e, sem esperar, fui atingido por dois carros.
Estou muito machucado com fraturas de fêmur, tíbia e coluna, além de
escoriações. Não quero moto na minha vida porque sei agora que isso é
uma arma e é preciso saber conduzir”, explicou.
O lavrador Eduardo Cabral, 38, reside no Povoado Ladeiras, município de
Aquidabã, e vive uma história parecida. Depois de ser atingido por um
carro que invadiu a contramão, ele sofreu um trauma na coxa esquerda e
já passou por duas cirurgias para correção da lesão. Diferente do jovem
José Crispim, o lavrador afirma que, mesmo sabendo dos perigos, ainda
quer pilotar uma moto depois de recuperado. “Eu tive a sorte que estava
com capacete e não machuquei a cabeça. Em breve, vou passar pela
terceira cirurgia. Quando eu ficar bom, voltarei a trabalhar com minha
motocicleta”, comentou.
O ajudante de serviços gerais, Claúdio Barbosa, 27, também reside no
município de Aquidabã e conta que há um ano e cinco meses sofreu um
acidente motociclístico enquanto pilotava na companhia de um amigo. Ele
revela que ainda sofre com as sequelas. “Estava com um colega na garupa
da moto, à noite, e o farol do carro que vinha do lado contrário da
pista me ofuscou. Foi inevitável. Caí e quebrei a perna em dois lugares.
Já são quase dois anos do acontecido. Já passei por cinco cirurgias.
Estou com platina na perna e agora com fixador. Queria não andar mais de
moto, só que dependo dela para meu trabalho”, disse.
Custos e sequelas
Os acidentes motociclísticos, na grande maioria, causam fraturas em
membros inferiores e superiores. Geralmente os ossos mais prejudicados
são fêmur, tíbia e o rádio. Em torno de 30% desses pacientes as sequelas
são definitivas como paraplegias, tetraplegias, deformidades ósseas e
amputação. Outros 70% sofrem sequelas parciais, como restrição de
movimentos e dores.
O diretor clínico explica que é importante a população saber do custo
social que esses pacientes representam ao Sistema Único de Saúde. “Um
acidente e uma lesão trazem um enorme custo para o sistema de saúde
devido à grande mobilização de equipes e de materiais de UTIs e centro
cirúrgico. Além disso, há um custo social porque esses pacientes ficam
afastados do trabalho, da escala produtiva durante um bom tempo e
recebem seguros e pensões para tratamento médico de saúde. Há também o
custo familiar”, informou.
O corpo clínico do Huse acredita que campanhas de conscientização são
fundamentais. Marcos Kruger explica ainda que o governo tem trabalhado
nessa área, mas a população ainda não absorveu essa orientação. “O
cidadão precisa ter consciência que a má combinação entre álcool e moto
traz problemas irreparáveis e até a morte. A imprudência, a alta
velocidade e a falta de atenção, principalmente nas rodovias, também
contribuem para os acidentes. O cidadão precisa ter consciência da
gravidade da situação e ajudar a reduzir essas estatísticas”, concluiu.
Fonte: Ascom SES
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