sexta-feira, 3 de maio de 2013

Aumento no número de acidentes motociclísticos

(Fotos: Ascom SES)
Nos quatro primeiros meses de 2013, o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), referência nos casos de urgência e emergência de alta complexidade no Estado, realizou mais de 2700 atendimentos à vítimas de acidentes motociclísticos. No mesmo período do ano passado foram atendidas 2100 vítimas, uma estatística alarmante que mostra o quanto a violência no trânsito, envolvendo esse tipo de veículo, não para de crescer. Na maioria das vezes, a vítima é jovem e do sexo masculino, com idade de até 30 anos. Os acidentes, quando não matam, quase sempre deixam traumas e sequelas permanentes.
Com o segmento dos ciclomotores de cinquenta cilindradas, menores de idade estão pilotando esse tipo de veículo sem habilitação e proteção adequada como o uso do capacete, o que contribui para o crescimento da mortalidade nas vias públicas. Esta é uma realidade que transforma profundamente a vida desses cidadãos e gera impactos significativos ao sistema público de saúde.
Diretor clínico do HUSE, Marcos Kruger
De acordo com o diretor clínico do HUSE, Marcos Kruger, o esforço das equipes é fundamental para a assistência dos pacientes.“O índice de acidentes motociclísticos vem crescendo a cada dia, devido ao elemento que intitulamos de epidemia do trânsito. Os pacientes estão chegando cada vez mais e com número maior de fraturas graves. Procuramos dar o melhor atendimento possível. As equipes trabalham diuturnamente nesse objetivo. Prestamos um relevante serviço à sociedade no que diz respeito a redução dessa mortalidade, com uma assistência muito bem prestada”, declarou. 
Vítimas  
O jovem José Crispim Santos, 24, sofreu um acidente motociclístico no município de Lagarto. Foi encaminhado ao Hospital Regional da cidade, mas devido a sua gravidade, foi conduzido imediatamente para o Huse. Com politraumas, o paciente não quer mais saber do meio de transporte. “Estava sozinho na moto e, sem esperar, fui atingido por dois carros. Estou muito machucado com fraturas de fêmur, tíbia e coluna, além de escoriações. Não quero moto na minha vida porque sei agora que isso é uma arma e é preciso saber conduzir”, explicou.
O lavrador Eduardo Cabral, 38, reside no Povoado Ladeiras, município de Aquidabã, e vive uma história parecida. Depois de ser atingido por um carro que invadiu a contramão, ele sofreu um trauma na coxa esquerda e já passou por duas cirurgias para correção da lesão. Diferente do jovem José Crispim, o lavrador afirma que, mesmo sabendo dos perigos, ainda quer pilotar uma moto depois de recuperado. “Eu tive a sorte que estava com capacete e não machuquei a cabeça. Em breve, vou passar pela terceira cirurgia. Quando eu ficar bom, voltarei a trabalhar com minha motocicleta”, comentou.
O ajudante de serviços gerais, Claúdio Barbosa, 27, também reside no município de Aquidabã e conta que há um ano e cinco meses sofreu um acidente motociclístico enquanto pilotava na companhia de um amigo. Ele revela que ainda sofre com as sequelas. “Estava com um colega na garupa da moto, à noite, e o farol do carro que vinha do lado contrário da pista me ofuscou. Foi inevitável. Caí e quebrei a perna em dois lugares. Já são quase dois anos do acontecido. Já passei por cinco cirurgias. Estou com platina na perna e agora com fixador. Queria não andar mais de moto, só que dependo dela para meu trabalho”, disse. 
Custos e sequelas  
Os acidentes motociclísticos, na grande maioria, causam fraturas em membros inferiores e superiores. Geralmente os ossos mais prejudicados são fêmur, tíbia e o rádio. Em torno de 30% desses pacientes as sequelas são definitivas como paraplegias, tetraplegias, deformidades ósseas e amputação. Outros 70% sofrem sequelas parciais, como restrição de movimentos e dores.
O diretor clínico explica que é importante a população saber do custo social que esses pacientes representam ao Sistema Único de Saúde. “Um acidente e uma lesão trazem um enorme custo para o sistema de saúde devido à grande mobilização de equipes e de materiais de UTIs e centro cirúrgico. Além disso, há um custo social porque esses pacientes ficam afastados do trabalho, da escala produtiva durante um bom tempo e recebem seguros e pensões para tratamento médico de saúde. Há também o custo familiar”, informou.
O corpo clínico do Huse acredita que campanhas de conscientização são fundamentais. Marcos Kruger explica ainda que o governo tem trabalhado nessa área, mas a população ainda não absorveu essa orientação. “O cidadão precisa ter consciência que a má combinação entre álcool e moto traz problemas irreparáveis e até a morte. A imprudência, a alta velocidade e a falta de atenção, principalmente nas rodovias, também contribuem para os acidentes. O cidadão precisa ter consciência da gravidade da situação e ajudar a reduzir essas estatísticas”, concluiu.
Fonte: Ascom SES

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