Chegamos a metade do campeonato. O BRMX
esteve presente em todas as etapas até o momento e volta agora para
fazer a avaliação geral da rodada, pesando prós e contras de tudo que
foi observado em Aracaju, Sergipe, nos dias 13 e 14 de julho.
Com o objetivo de chamar atenção para os problemas e destacar as melhorias, seguem as observações.
#1 – Pista
A pista de Aracaju tem seus méritos, apesar de pecar no fator tamanho, extensão. Se tem 1.300 metros, deveria ter mais de 1.600 e então seria “top”.
Daria para aproveitar mais a parte de areia, expandir ainda mais, tornando o circuito mais difícil. A pista de Lommel, na Bélgica, onde aconteceu o Motocross das Nações em 2012, tem 1.650 metros de pura areia fofa. E lá se criam os melhores pilotos do Mundial MX.
Esta parte de areia cria uma dificuldade enorme para os pilotos. Se transforma com o passar das motos, fica esburacada, ondulada, penosa para os motores, suspensões e preparo físico. Exige que todos se esforcem, o que sempre traz crescimento.
Ainda tem uma parte de terra que acaba com a vida dos mecânicos, que precisam encontrar um acerto que sirva para a parte dura e para a parte fofa do circuito. É difícil de lidar com esta pista. Mas é disso – entre outras coisas - que o motocross nacional precisa para se desenvolver. É necessário ainda cuidar de alguns detalhes na parte de terra e na preparação do terreno. Todas as previsões apontavam chuva na sexta e no sábado, como de fato aconteceu.
Quando se sabe que vai chover, o correto é deixar o circuito intacto, sem gradear. Se você deixa o solo duro, a água escorre. Se você abre valetas, afofa a terra, a água fica empoçada e tudo vira um lamaçal. Foi exatamente o que aconteceu em Aracaju. Até na sexta-feira as máquinas estavam na pista.
Outro detalhe é que construíram uma mesa grande com uma recepção pequena e muito íngreme, o que estava um tanto perigoso. E ela ficou pior ainda na última bateria da MX1, quando o sol estava mais baixo e batia no rosto dos pilotos antes deles entrarem neste salto. Um detalhe pequeno, mas que pode salvar alguém de tomar um tombo feio.
Areia dificultou a vida dos pilotos - Foto: Mau Haas / BRMX
#2 – Estrutura
Aracaju tem um dos ambientes mais interessantes do campeonato. A pista é na praia, ao lado do mar, o que acrescenta uma atmosfera contagiante, um clima bom para o evento.
A Praia da Atalaia, onde acontece a prova, está a cerca de 5km do aeroporto. Há hoteis para todos os lados (assim como restaurantes) a preços e gostos diversos.
Detalhe interessante também é que a organização local deixa a entrada livre, o que faz lotar as arquibancadas e o box fica sempre movimentado, com gentes indo e vindo, pegando autógrafos, tirando fotos com os pilotos. Isso é FUNDAMENTAL para o crescimento de um esporte que não tem um apelo tão popular. Todas as etapas deveriam ter entrada franca!
Ainda neste item "espectadores", a pista tinha "bolsões" para que as pessoas pudessem ficar em pé ao lado do traçado e não apenas em arquibancadas. O lado da praia também era livre, com apenas uma cerca separando o público da pista. Isso é motocross! Falando francamente, arquibancadas beiram o desnecessário.
A área de box em Aracaju também é boa. Calçada, plana, com banheiros e chuveiros, traz o conforto que os times precisam para trabalhar no fim de semana.
Apesar do atencioso atendimento, a organização ficou devendo na sala de imprensa neste fim de semana. Passamos a manhã inteira de sábado sem internet e não foram raras as vezes que o sinal sumia durante o evento. Ainda mais em etapa sem transmissão ao vivo é importante que a imprensa tenha uma internet estável e potente para poder atualizar os fãs de motocross o mais rápido possível sobre o que acontece na rodada.
Público pode circular pelo box livremente - Foto: Mau Haas / BRMX
#3 – Transmissão
Os fãs de esporte ficaram a “ver navios” durante o fim de semana, sem transmissão na ESPN ou pela internet. A CBM teve problemas para disponibilizar o link da narração porque o sinal de internet era fraco aonde o locutor estava. Eles até tentaram, mas não funcionou. Como forma de consolo, havia uma câmera que mostrava imagens da pista, mas sem alguém comentando como estava a corrida era muito difícil entender o que se passava. A CBM disse que as etapas sem transmissão ao vivo teriam um programa de 30 minutos na semana seguinte, também na ESPN. Problema é que o programa da terceira etapa, realizada há mais de 20 dias, ainda não foi ao ar (aparecia na programação da ESPN+ na noite de terça-feira, 16, mas não passou), e isso já é um problema. A equipe de filmagem estava em Aracaju, mas fica difícil acreditar que o programa da quarta etapa vá ao ar antes de acontecer a quinta rodada no dia 28 deste mês.
Está faltando um pouco de carinho com o fã de esporte neste caso.
#4 – Mudanças na programação
Avaliamos como corretas as tomadas de decisões da organização devido às chuvas de sábado. Estava impraticável entrar na pista naquela manhã e a organização, corretamente, cancelou os treinos. À tarde, por solicitação de alguns pilotos, aconteceu a bateria da MX3 e treinos livres da MX1 e MX2 com a pista um pouco melhor.
No domingo o sol apareceu e todas as categorias puderam treinar e correr. Ficou tudo meio apertado, mas funcionou.
Outra coisa importante foi que desta vez todas as categorias puderam fazer uma volta de reconhecimento antes de largar (nas etapas anteriores apenas MX1 e MX2 fizeram). É importante que isso aconteça em todas as rodadas porque a pista muda de uma bateria para a outra. Novos buracos e canaletas surgem, e essa volta de reconhecimento (que para o público é uma volta de apresentação dos atletas) ajuda a fazer uma última análise antes da prova, evitando alguns acidentes.
#5 - Número de participantes
O BRMX vem acompanhando a quantidade de pilotos que participam das etapas do Brasileiro MX. Acompanhe!
Carlos Barbosa, Rio Grande do Sul
MX1: 30
MX2: 40
Júnior: 40
Três Lagoas, Mato Grosso do Sul
MX1: 23
MX2: 38
Júnior: 31
Sorriso, Mato Grosso
MX1: 17
MX2: 26
Júnior: 24
Aracaju, Sergipe
MX1: 17
MX2: 33
Júnior: 25
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