O Programa de Investimentos em Logística para Rodovias e Ferrovias
corrigirá distorções no transporte de cargas no país, entre elas a baixa
profissionalização dos caminhoneiros e a subutilização e precariedade
da malha ferroviária do país, disse na quinta-feira (18) o presidente
da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo. Ele
falou sobre durante o Colóquio Infraestrutura para o Desenvolvimento,
organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão de
assessoramento da Presidência da República.
O presidente da EPL destacou que 70% do transporte de carga rodoviária
no país são feitos por autônomos ou empresas com até quatro veículos.
Segundo ele, o baixo nível de profissionalização e a remuneração
deficiente não permitem que se melhore a frota de caminhões. "A idade
média da frota de caminhões é 18 anos. Nossas mercadorias são
transportadas por veículos de 25, 30 anos. Esse é um quadro
preocupante", disse.
Figueiredo ressaltou que as linhas de crédito oferecidas nos últimos
anos para estimular a aquisição de novos veículos não funcionaram como
previsto. "A gente percebe que só as grandes empresas se interessaram. O
trabalhador autônomo ficou de fora, pois ele trabalha na informalidade.
[O autônomo] não é personalidade econômica que possa acessar uma linha de crédito".
O presidente da EPL disse que o Programa de Investimentos para Rodovias e Ferrovias corrigirá a situação, ao ofertar
um crédito apropriado ao perfil dos caminhoneiros autônomos. "O governo
está criando uma linha de financiamento em condições absolutamente
adequadas, com prazo grande de carência e amortização e taxas de juros
muito baratas", disse.
Figueiredo afirmou também que o investimento na malha ferroviária do
país, por meio de parceria público-privada, mudará a configuração do
transporte de carga. Atualmente, 90% da movimentação de mercadorias no
país são via malha rodoviária. O motivo, segundo o presidente da EPL, é a
precariedade das ferrovias. "Temos infraestrutura construída há mais de
100 anos. O nível de serviço, tirando nichos modernos
como Carajás e Vitória-Minas, é de baixo padrão. Os preços são formados
em uma relação de cliente dependente de serviço monopolista", declarou.
Segundo ele, o novo modelo condicionará a concessão das ferrovias à modernização
e criará um ambiente de competitividade. "[O modelo] vai gerar ganhos
tarifários porque o preço será formado em ambiente competitivo",
declarou.
Lançado pela presidenta Dilma Rousseff em 15 de agosto, o Programa de
Investimentos em Logística para Rodovias e Ferrovias prevê aporte de R$
133 bilhões em 25 anos. No total, serão concedidos 7,5 mil quilômetros
de rodovias e 10 mil quilômetros de ferrovias. Os investimentos, nos
próximos 25 anos, somarão R$ 133 bilhões, sendo que R$ 79,5 bilhões nos
primeiros cinco anos. Nas rodovias serão aplicados R$ 42 bilhões e nas
ferrovias R$ 91 bilhões.
Fonte: Portal do Trânsito