quinta-feira, 23 de maio de 2013

Espanha ensina como reduzir acidentes

Ex-diretor do departamento de trânsito daquele país conta como diminuiu em 59% o número de vítimas
Durante evento sobre segurança viária realizado recentemente na cidade de São Paulo, o especialista espanhol em trânsito Ramón Ledesma Muñiz expôs as ações adotadas em seu país para redução do número de acidentes fatais. Em 2005 foi implantado o Plano Estratégico de Segurança Viária da Espanha, com o objetivo inicial reduzir em 40% o índice de acidentes fatais de trânsito até 2008. No período de 2005 a 2011, o êxito obtido foi de 59%.

De acordo com Muñiz, há dez anos a relação de acidentes fatais no trânsito espanhol era de 128 para cada milhão de habitantes ou 5,4 mortes por 100 acidentes. “Estávamos diante de um problema nacional”, disse o especialista, que pleiteou ações concretas e integradas do governo quando era diretor-geral adjunto do Departamento de Trânsito da Espanha, cargo que ocupou entre 2004 e 2012).

Na época foi criado o Observatório Nacional de Segurança Viária, o Conselho Superior de Segurança Viária recebeu mais agentes de trânsito e surgiram várias campanhas de informação, divididas por tipos de risco. Houve reformulação do modelo de habilitação, desenvolvimento de planos municipais de segurança viária, implantação de dispositivos tecnológicos de vigilância e o investimento de € 8 milhões na divulgação nos meios de comunicação. Juntas, essas ações reduziram as infrações e as causas dos acidentes de trânsito entre 2001 e 2011.

Nesse período, a autuação de condutores alcoolizados caiu de 5% para 1,8%, as multas por excesso de velocidade diminuíram de 6% para 0,6% e a adesão ao uso do cinto de segurança pelos motoristas cresceu de 79% para 97%. Segundo Muñiz, em 2010 a Espanha registrou 54 acidentes fatais de trânsito por milhão de habitantes, aproximando-se dos índices da Finlândia (50 por milhão) e Dinamarca (48 por milhão).

Ações para motos e bicicletas

Entre 2007 e 2008, para desenvolver um plano específico para os motociclistas, o governo espanhol considerou que deveria evitar a busca de culpados e concentrar-se em reduzir os acidentes. Assim, investiu-se na preparação desses condutores para pilotar de maneira segura com modificações no processo de habilitação, exercícios de pilotagem defensiva e exame realizado em via pública, além da prova teórica e em circuito fechado.

Em outra frente foi melhorada a infraestrutura viária, inclusive com pistas mais aderentes para os pneus de moto. Como resultado, entre 2007 e 2011, mesmo com o aumento da frota de motocicletas, os acidentes fatais com seus condutores caíram 47%. “Foi um plano para os motociclistas e não contra eles”, ressaltou Muñiz. Para os ciclistas, os espanhóis fomentaram o uso da bicicleta nas regiões centrais das cidades e sua circulação sobre calçadas. Nas vias de sentido único, com circulação de bicicletas, a velocidade máxima para todos os veículos foi limitada a 30 km/h.

Muñiz é advogado e esteve em São Paulo a convite da Abraciclo, associação que reúne fabricantes de motos e bicicletas. Ele foi um dos palestrantes do 4º Fórum Abraciclo – Mobilidade e Segurança em Duas Rodas.

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